O PRÓXIMO POETA
Conjuro-vos cigarras por nascer!
Crescei, multiplicai-vos e cantai!
Sede o que sois como chuva que cai
Sobre terra que a saiba a receber.
Sede, apesar de não vos entender
O mundo, o mundo inteiro que não vai
Aceitar quanto sois porque vos sai
Da alma insatisfeita o que não quer.
Mas sede, mesmo quando injustiçados,
Pois será vossa voz pão do futuro
Que, ao erguer-se de vós, canta inquieta
Nos versos que hão-de ser justificados
Por aquilo que sois e que eu conjuro
Na exortação do próximo poeta!
Maria João Brito de Sousa - 16.07.2008 - 17.10h
In Poeta Porque Deus Quer - Autores Editora - Janeiro de 2009
IMAGEM - Gravura de Manuel Ribeiro de Pavia
(Ilustração do LIVRO DE BORDO - António de Sousa - 2ª Edição - Publicações Europa-América- 1957)
Nota - Soneto muito ligeiramente reformulado a 09.11.2015