SONETO INESPERADO ou Soneto à Coragem de Viver
(Em verso eneassilábico)
Ai, Soneto esquecido, que voltas,
Que te alheias das dores que me minam
Que te acendes nas loucas revoltas
Que nem deuses, nem mestres te ensinam,
Que te enlaças nas pontas já soltas
Desdobrado em gorjeios que trinam,
Enfrentando, sem medo e sem escoltas
O temor dos que em vão se aproximam.
Ai, Soneto que eu nunca esperei,
Que não sonho e nem sei bem se sei
Se me nasces do espanto, ou das horas,
Mas que exaltas, num mel que olvidei
Nos tormentos da dor que calei,
Quanta voz soltarei, sem demoras…
Maria João Brito de Sousa – 04.05.2013 – 16.26h
Imagem - Desenho de Álvaro Cunhal (Série "Desenhos da Prisão")