CAPITALISMO - Soneto de Onze Sílabas Métricas
Sobram-lhe as migalhas dessoutra fartura
Que o sistema cria, que o cinismo inventa,
Do pouco que fia mas que o não sustenta
Porque se alimenta só de “dita”… e “dura”,
Sobejam-lhe as rendas da falsa candura
Que, qual maré alta, num crescendo aumenta
Pr`adornar uns quantos, porque a “plebe” aguenta
Os desequilíbrios desta arquitectura.
Se contra mim falo porque uma injustiça
Tudo o que não calo foi trazendo à liça
E, pouco fazendo, tão pouco produzo,
Levanto o meu punho como se o fizesse!
Mais saudável fora, mais força eu tivesse,
Mais protestaria contra os tais que acuso!
Maria João Brito de Sousa – 02.08.2012 – 15.58h
IMAGEM - Blind Man`s Meal - Pablo Picasso, 1903
Soneto hendecassilábico