26
Out11
O LEITO DE UM RIO POR DENTRO DAS HORAS
Maria João Brito de Sousa
É por dentro das horas que desfio
O rosário das queixas que não faço
Que esta fome de sol, que por cá passo,
Me mina de incerteza. E faz-me frio.
O abismo que se cava em cada rio
Que rompe a terra mãe no seu abraço,
Traz no seu leito fundo o puro traço
De quem, deixando-se ir, não desistiu.
Cada vez mais se entranha pelas horas
Que voam renegando as mil demoras
Que um ciclo natural sempre despreza
E se esse rio souber que o sonho existe,
Conquista o seu direito a morrer triste,
Desvenda outra insuspeita natureza.
Maria João Brito de Sousa – 26.10.2011 - 15.20h
Reformulado a 2.11.2015