23
Set11
CHEGAR TARDE DEMAIS À ÍTACA DO COSTUME
Maria João Brito de Sousa
Por Ítaca me fui desencontrando
Da sagrada missão da Poesia.
Se acaso a encontrei, nem nela havia
Tradução pr`á linguagem do meu pranto.
Mal Ítaca abordei, vi-me encalhando
Numa praia inventada e já vazia
Que quanto mais negada, mais crescia
Enredando-me toda no seu manto.
Se algum farol em Ítaca se erguia,
Se, à porta, me pediram senha ou santo
Prá singular viagem que antevia,
Não o posso afirmar... e, no entanto,
Com Ítaca sonhava e redimia
Cada saudade à luz do desencanto.
Maria João Brito de Sousa - 23.09.2011 - 17.40h