DEPOIS DE UMA ILUSÃO
Depois de uma ilusão… quanta ilusão,
Quantas metas ainda inalcançadas!
Quantas vezes é “sim”, e quantas “não”,
Sob o esforço das mãos já desgastadas?
Quanto trabalho até à remissão
Das negras tatuagens ulceradas,
Quanta fé, quanto amor na confecção
Das coisas que estão sempre inacabadas…
Depois de uma ilusão, resta o que resta
E, desse resto, o tanto que virá
Do muito que sair das nossas mãos…
E que ninguém nos diga: - Isto não presta!
Há sempre alguém que entende o que se dá,
Há sempre alguém que diz: - Somos irmãos!
Maria João Brito de Sousa
Ao som de “Todo o Tempo do Mundo”
IMAGEM - Eu com a avó Alice, mulher do poeta António de Sousa. Esta avó viria a falecer prematuramente, de um súbito agravamento da sua doença de Parkinson, quando eu tinha onze anos de idade.