Da autoria de Maria João Brito de Sousa, sócia nº 88 da Associação Portuguesa de Poetas, Membro Efectivo da Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores - AVSPE -, Membro da Academia Virtual de Letras (AVL) , autora no Portal CEN, e membro da Associação Desenhando Sonhos, escrito num portátil gentilmente oferecido pelos seus leitores.
...porque os poemas nascem, alimentam-se, crescem, reproduzem-se e (por vezes...) não morrem.
À flor de uma palavra… eu renuncio! Noutra, mais louca ainda, recomeço A dança da palavra e pago o preço Que me cobra o poema que anuncio.
No Inverno, enfrento ainda o beijo frio Do tanto que ousei ser, mas desconheço, Neste palco terreno onde não peço, Nem aceito os favores dum novo Estio.
São flores, braços e garras, as palavras! Nelas m`elevo inteira… ou me condeno Num quase desafio a quem souber
Ou tentar adentrar-se em minhas lavras! (... há flores assim, bravias, com veneno, que se escapam da mão que as quer colher…)
(Lembrando o poema Poeta, 1951, de António de Sousa - in "Linha de Terra", Editorial Inquérito, 1951- seguido de transcrição da parte final do texto "Esboço Impressionista do Perfil do Poeta", de Natália Correia, in "A Ilha de Sam Nunca")
(Em decassílabo heróico)
Deixai-o lá, glosando ao seu destino Os motes de quem foi, de quem não foi, Que a ferrugem salina que o corrói Como a todo o punhal de gume fino
Oxida-se a si mesma e nem lhe dói Estocada que alguém esgrima em desatino No espólio em que se traça homem-menino Num espanto que o desmente e que o constrói...
Deixai-o desfolhar-se à beira-pranto Onde a mãe-lua, um dia, há-de ir buscá-lo Pr`ó guardar em discreto e suave encanto
Não vá um deus avulso ousar tocá-lo Jurando, a todos vós, que ele era um santo Pr`a, depois, sem remorso, atraiçoá-lo...
Maria João Brito de Sousa - 11.02.2013 - 11, 35h
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"Impressionante identidade do homem e do seu discurso poético. Um insulado pela fantasia lunar irremediavelmente praticada num coexistir que a marginaliza............ A brincar a Robinson Crusoé da Ilha Deserta onde é possível recomeçar o mundo com mãos imaculadas Assim me apareceu. Assim o li nos versos que escreveu, nas ondas que perfeitamente naufragou para adquirir a pureza de sonhar sem a grilheta dos êxitos que atam os triunfantes ao compromisso de serem esplêndidos" NC
NOTA - Soneto ligeiramente reformulado em relação à sua primeira publicação, directamente nas minhas notas do Facebook.
IMAGEM – Fotografia de Manuel Ribeiro de Pavia, nome artístico do artista plástico alentejano, Manuel Ribeiro, tirada por António Pedro Brito de Sousa, meu pai.