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poetaporkedeusker

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UM BLOG SOBRE SONETO CLÁSSICO

Da autoria de Maria João Brito de Sousa, sócia nº 88 da Associação Portuguesa de Poetas, Membro Efectivo da Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores - AVSPE -, Membro da Academia Virtual de Letras (AVL) , autora no Portal CEN, e membro da Associação Desenhando Sonhos, escrito num portátil gentilmente oferecido pelos seus leitores. ...porque os poemas nascem, alimentam-se, crescem, reproduzem-se e (por vezes...) não morrem.
26
Abr12

QUATRO SONETILHOS A CATARINA EUFÉMIA

Maria João Brito de Sousa

 

I

A ceifeira, nos trigais,
Traz nas mãos sonhos negados
E os dedos bem calejados
De quem já ceifou demais…

Flancos doendo, agachados,
Entre mil gestos iguais
Evoca uns pontos errados
Destas questões laborais…

Essa ceifeira não chora,
Mas começa a acreditar
Que pode bem estar na hora

De que quem assim a explora
Também se deva agachar
Tal como ela o faz agora…


 
II


Já não sonha, as dores são tantas
Que só pode trabalhar
Se as abafa nas mil mantas
Que inventa pr`ás disfarçar…

Faltam horas, umas quantas,
Pr`á ordem de “despegar”
E as ceifeiras, como as plantas,
Podem, às tantas, murchar…

Vai longa a jorna, ceifeira!
Já esgotada da labuta,
Tão no auge da canseira

Depois de uma tarde inteira,
Pensa enfim: - Antes a luta
Que viver desta maneira!



III



Reúne os seus companheiros
Da labuta dos trigais,
Fala dos dias inteiros
Sol a sol, sem poder mais,

Lembra a escassez dos dinheiros,
Diz que os patrões, sendo iguais,
Os tratam como aos carneiros
Que abundam nos seus currais…

É dessa reunião,
Que lhes nasce, firmemente,
Uma justa decisão

De exigirem mais do pão
Que é devido a toda a gente
Mas só não falta ao patrão…



IV

Vão em grupo e vão em paz
Falar da fome que sentem
Pois pela fome se faz
Quanto os fartos não consentem…

Encontram o capataz,
Dizem ter fome… e não mentem,
Só o não sabem capaz
De matar os que o enfrentem…

Soa um disparo… a ceifeira
Cai por terra; - O que se passa?
Catarina, à dianteira,

Jaz morta sobre uma leira
Por ter negado a mordaça
De humilhar-se a vida inteira!

 

 

 

 

 

 

Maria João Brito de Sousa – 26.04.2012 – 19.11h



IMAGEM - "A MORTE DE CATARINA EUFÉMIA" - Gravura de José Dias Coelho, retirada da net


 

19
Abr12

POEMA CARTA-ABERTA

Maria João Brito de Sousa


Se escrevo e a voz me soa em poço fundo,
Se vai crescendo pouco inteligível
Pr`a quem, tal como eu, anda no mundo,
Será poema em vão, grito inaudível…



Mas se se eleva mais, se chega a quem
Quanto aqui escrevo possa decifrar,
Se encontro a voz na voz de quem lá vem,
Mesmo que tente, apenas, perturbar,



Mais que não seja pra lembrar que aqui
Está quem, não desdenhando uma partilha,
Questiona um novo mundo em rota incerta,



Terá sido pr`ó mundo o que eu escrevi;
Pra todo aquele que nega ou que perfilha
A voz do meu poema em carta - aberta.

 

 



Maria João Brito de Sousa – 19.04.2012 – 18.32h


11
Abr12

UMA LENDA MUITO ANTIGA

Maria João Brito de Sousa

Um dia, a mão na rédea, o pé no estribo,
Lançou-se um cavaleiro em cavalgada
Na esp`rança de encontrar a dama amada
Que - narrava uma lenda - estava em p`rigo,

Porém, fez dessa lenda o seu castigo,
Pois não soube, sequer, achar a estrada
Que conduzisse os passos da montada
A alguém que, em vez de amor, quisesse abrigo...

Diz-se que corre ainda atrás da lenda,
Que há-de fazê-lo enquanto não pretenda
Senão o desenlace em que ousou crer,

O princípe-encantado-sem-emenda
Que aspira, estrada afora, à estranha of`renda
De perder-se a salvar quem o não quer…

 




Maria João Brito de Sousa – 11.04.2012 – 18.59h



Imagem retirada da net, via Google

06
Abr12

MEDIR OU NÃO MEDIR A ESTRADA - Sonetilho

Maria João Brito de Sousa

 

Passa num nada este nada
Que duma vida nos cabe
Quando olhamos para a estrada
Temendo que ela se acabe…

Vamos medindo a passada
Antes que tudo desabe
Mas, duma estrada acabada,
Pouco ou nada a gente sabe

Pois, por mais que se procure
Razão para os desatinos
A que a estrada conduzia,

Nunca evitamos que jure;
- Todos vós nasceis meninos
e haveis de morrer um dia…



Maria João Brito de Sousa – 06.04.2012 -13.21h

 

 

NOTA - Peço desculpa pela inusitada apresentação do texto poético... a decisão foi do Sapo...

04
Abr12

A EQUAÇÃO DA VIDA - Sonetilho

Maria João Brito de Sousa

São tantas as variáveis
Desta equação de viver
Que os resultados prováveis
Jamais se hão-de resolver

Mas, entre as mais condenáveis
Das mil coisas por fazer,
Estará sermos vulneráveis
Aos disfarces do Poder...

Que, ao pouco que aqui fizermos,
Se acrescente o nosso amor
Pois, nas mil voltas que dermos,

Andaremos ao sabor
Da Vontade que opusermos
À avidez do  predador…

 



Maria João Brito de Sousa – 04.04.2012 – 19.26h


02
Abr12

SONETO MUSICAL ou Ousar a Melodia

Maria João Brito de Sousa

Sobre tudo o que nasça e que se exprima
Em forma do que nunca vos direi,
Desse enigma me basta, eterna, a rima
Pr`a falar-vos do muito que eu não sei

E, mesmo que não haja quem redima
Quantas lacunas já por cá deixei,
Que importa se de música se anima
O quanto quis dizer, mas não logrei?

Jamais duvidarei de alguém que entenda
Que ousar a melodia é dar-lhe a voz
Que expressa o seu sentido universal,

Ou que, ao ouvi-la, exulte e compreenda
O quanto dela vibra em todos nós
Se o ritmo que alcançou foi musical…

 

 

Maria João Brito de Sousa -02.04.2012 - 15.15h

 

 

 

 

 

Maria João Brito de Sousa – 02.04.2012 – 14.53h


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