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poetaporkedeusker

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UM BLOG SOBRE SONETO CLÁSSICO

Da autoria de Maria João Brito de Sousa, sócia nº 88 da Associação Portuguesa de Poetas, Membro Efectivo da Academia Virtual Sala dos Poetas e Escritores - AVSPE -, Membro da Academia Virtual de Letras (AVL) , autora no Portal CEN, e membro da Associação Desenhando Sonhos, escrito num portátil gentilmente oferecido pelos seus leitores. ...porque os poemas nascem, alimentam-se, crescem, reproduzem-se e (por vezes...) não morrem.
29
Jul11

MEMÓRIAS DE UMA FLOR À BEIRA MAR

Maria João Brito de Sousa

 

Floriram meus amores em plaga incerta

Quando um botão de cravo, a despontar,

Irrompeu pelas dunas de luar

Do dealbar da minha descoberta

 

Eu debruçada e já janela aberta

Sobre aquilo que estava por chegar,

Relembro, dessa praia, o mesmo mar

Que me induzira em tão premente alerta

 

Pois, no desabrochar de cada flor,

Há um tempo de riso e outro de dor,

Um para receber, outro pr`a  dar;

 

Um tempo só de pétalas e cor

E outro de recordar um velho amor

A que nem mesmo a flor soube escapar.

 

 

 

 

Maria João Brito de Sousa – 29.07.2011 – 16.24h

 

 

 

26
Jul11

SOU DO MAR!

Maria João Brito de Sousa

 

SOU DO MAR!

 

*

Sou do mar na estranhíssima alquimia

Que me transforma em fogo e pedra e gente

E também desse mar que, à revelia,

Se me sucede a cada sol nascente;

 

Da mesmíssima força em que ele nascia

Renasce, dia a dia, o meu presente,

E sinto exactamente o que ele sentia,

E sou exactamente o que ele consente.

 

Sou do mar no processo indecifrável

Que admite a simbiose entre o provável

E aquilo que ninguém pode provar

 

Mas, fruto desse jogo, eu sou palpável

E nessa mutação, nem sempre estável,

Eu sempre acreditei que sou do Mar!

 

 

 

Maria João Brito de Sousa – 26.07.2011 – 13.00h

 

22
Jul11

MADRUGADAS E OUTROS RECOMEÇOS

Maria João Brito de Sousa

Fica tão triste a cor das madrugadas

Em que o sol se esqueceu de vir brilhar

E as nuvens plúmbeas crescem, desoladas,

Sobre os últimos raios de luar

 

Mas, em compensação, outras, ousadas,

Rompendo o escuro manto irão mostrar

O azul do céu às vidas ensonadas

Que agora mesmo acabam de acordar

 

Há sempre um cravo aberto na janela

De cada madrugada que não esqueço

Nas horas de um porvir que se aproxima

 

E, se alguém se esqueceu de olhar pr`a ela,

Eu escrevo outro poema e recomeço

No primeiro amanhã que nasça em rima

 

 

 

Maria João Brito de Sousa - 2011.07.22 - 12.17h

21
Jul11

DE QUE ME FALAS TU, QUE ME NÃO SABES?

Maria João Brito de Sousa

 

DE QUE FALAS TU QUE ME NÃO SABES?

*

Não me falas da pátria que mal vês

Num povo que procura identidade.

Falas do “teu” país mas, na verdade,

Nem sei se hei-de chamar-te português.

*

 

Não me falas das leis da natureza

Pois nunca as encontrei no que tu dizes;

Negas sabedoria aos aprendizes,

Mas não saberás mais, tenho a certeza!

*

 

De que me falas tu que me amordaças

Quando vislumbro um pouco da verdade

E tento partilhar o que descubro?

*

 

Não te digo mais nada se ameaças

Vergar-me o tronco firme da vontade

Para arrancar de mim o cravo rubro!

*

 

Maria João Brito de Sousa

2011

 

IMAGEM - Eu, aos seis anos, com o pai e a mãe

20
Jul11

HORAS QUE SABEM BEM E, OUTRAS, BEM MAL...

Maria João Brito de Sousa

Nos dias em que o sol vem, de mansinho,

Falar de aspirações e de horizontes,

Em chegando às janelas do meu ninho,

Abro-as de par em par, lanço-lhe pontes!

 

Da terra vem-me um cheiro a rosmaninho

Regado pelas águas de outras fontes

E quando o vento sopra em remoinho

Movem-se as verdes copas sobre os montes…

 

Mas não fico a chorar se a chuva cai,

Se o vento sopra tanto que lá vai

O lençol que estendi no meu estendal…

 

São coisas desta vida, eu sei-o bem,

E tenho, tal e qual a vida tem,

Horas que sabem bem; outras… bem mal!

 

 

 

Maria João Brito de Sousa – 19.07.2011 – 19.27h

 

 

 

IMAGEM - Mapa meteorológico retirado da internet, via Google

19
Jul11

NÓS DA MESMA CORDA

Maria João Brito de Sousa

Ele há dias assim, contraditórios,

A que podemos lá dizer que não

E, mesmo com poemas meritórios,

Julgamos ter perdido inspiração…

 

Já lhes conheço bem os repertórios

Por isso vos proponho a condição

De só os mencionar se abonatórios

Dos dos dias dos poemas que virão;

 

Lembro-me bem de um dia, era eu menina,

- só o quero lembrar porque, em crescendo,

vi bem que não seria tão tremendo… -

 

Em que me vi herdeira de má sina…

[e porque, volta e meia, ele mo recorda,

 tento atá-lo a dois nós da mesma corda…]

 


 

Maria João Brito de Sousa

18
Jul11

A FLOR E A ARMA

Maria João Brito de Sousa

digitalizar0045.jpg

 

 

METAMORFOSE

 

“Tenho alma de papoila;

mal se toca, mal se agita,

caem-lhe as pétalas todas

e fica morta, despida

 

noutras vezes, a papoila,

só por força do dever,

transforma-se em rocha dura

resiste à dor, à tortura,

nada a pode comover

 

mas, rocha bruta ou papoila,

no palco fica a Mulher;

eu, metamorfoseada

em anjo ou alma-penada,

ora papoila, ora fraga,

conforme vos convier”

 

 

Maria João Brito de Sousa - 1993(?)

 

Poema introdutório, escrito por mim no Verão de 1993

 

 

 

A FLOR E A ARMA 

 *

Dei-vos a flor das armas que não tinha

- ou tinha e quereria nunca usar... -

E a dupla imensidão desta alma minha

Num corpo que a mal sabe resguardar,

 *

Entreguei-vos a espada, sem bainha,

Na baioneta, pronta a disparar,

E ninguém reparou que ela, sozinha,

Se transformava em flor pr`a vos cantar

 *

Por isso já não sei se arma, ou se flor,

Mas seja ela aquilo que ela for,

Ninguém pode negar-lhe a dupla vida

E, ao entregá-la com tão grande amor,

Com ela disparei, sem mágoa ou dor,

Um verso em flor por pétala caída.

 *

 

 

Maria João Brito de Sousa – 17.07.2011 – 16.29h

 

 

Imagem - Eu, em 1956

15
Jul11

O SEM NOME

Maria João Brito de Sousa

Um homem que tem nome e não tem nome

Numa terra qualquer, que não é sua,

Nuns dias a comer, noutros, com fome,

Esmolando o dia-a-dia em cada rua,

 

Numa busca incessante, que o consome,

Que o faz ser quem não é, que o desvirtua,

Que o leva a não saber que rumo tome

Na estrada que a miséria tornou crua…

 

Esse homem que partiu, talvez não volte…

Talvez essa miséria nunca o solte,

Talvez a fome o leve um destes dias,

 

Talvez seja mais um dos que, à partida,

Arriscaram – quem sabe? – a própria vida

Por causa do tal excesso em que vivias…

 


 

Maria João Brito de Sousa

 


 

 IMAGEM RETIRADA DA INTERNET - "O Emigrante" - Charlie Chaplin

14
Jul11

NEM SÓ...

Maria João Brito de Sousa

Nem só de ambiguidades e sorrisos

Se faz a Poesia de um país

E nem sempre se fazem bons juízos

Se um poeta, a escrever, diz ser feliz,

 

Pois há sempre uns murmúrios de raiz

Sobre as razões pr´a ter, ou não ter, siso,

Quem, sendo pobre, não se contradiz

E faz surgir, do nada, um paraíso…

 

Por vezes está doente e sente dores

Mas, nem que venham mil e um horrores,

Alguém pode afirmar que, arrependido,

 

Pudesse ter inveja dos senhores

Que falam muito e que recebem flores

Apesar de um discurso sem sentido…

 

 

 

Maria João Brito de Sousa

13
Jul11

PESCADORES - "Soneto" experimental com versos de nove sílabas métricas

Maria João Brito de Sousa

images (14).jpg

 

Será sempre miséria o que temos

Porque é sempre no mar que buscamos

Esse tanto que nunca tivemos

Do manjar que, não tendo, vos damos

 

Sobre o mar, que é tão nosso, crescemos,

Defendendo os interesses dos amos,

Retirando da força dos remos

Cada metro do chão que varamos

 

Quando às redes dos braços trazemos

Todo o peixe que agora pescamos

Somos nós e só nós que sabemos

 

Quanta luta de morte enfrentamos

Nestes braços cansados que erguemos

Pelo pão que jamais vos negamos!

 

 

 

 

Maria João Brito de Sousa – 09.07.2011 – 17.09h

 

12
Jul11

OUTRO MISTÉRIO DE LISBOA

Maria João Brito de Sousa

Sou do Tejo no abraço em que Lisboa

Se dá ao mar e, desse mar, reclama

Esse amplexo ideal, que não magoa,

Que nasce do poema, quando a chama

 

Virei dessa atracção sem raciocínio

Com que ela seduziu um mar vadio

E nascerei, também, do seu fascínio

Sempre que à noite a canto à beira rio…

 

Esta minha cidade é como eu sou,

Tem a mesma magia em que me dou

Nos versos que lhe escrevo em cada dia…

 

Mistérios não se devem desvendar

Mas sei que a cada abraço do seu mar

Reinventa o mesmo amor que a principia…


 

 

Maria João Brito de Sousa

11
Jul11

AMADA FILHA DO MAR

Maria João Brito de Sousa

Eu sei que tenho manhas e manias

Pois tento ser aquilo que Deus quis

Mas juro que é assim que sou feliz,

Fazendo, certamente, o que devia…

 

Se a metáfora surge… é por magia!

Não sei explicar, de todo, o que ela diz,

Mas diga o que disser, sei bem que fiz

Exactamente aquilo que ela queria…

 

Nas manhãs em que, ouvindo a voz do mar,

Me sinto tão mais viva e tão mais eu,

É dentro do meu mar que encontro o céu

 

Posso ser só um fado por cantar

Mas sei que cada vez serei mais ilha

Por ser, deste meu mar, a amada filha.

 

 

 

Maria João Brito de Sousa – 10.07.2011 – 20.27h

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