Maria João Brito de Sousa
Libertem-se as tensões, uma por uma,
Do gesto gasto, impuro, incontroverso,
E cresça a vocação rasgando a bruma
Do despertar nublado de um só verso!
Libertem-se as razões que coisa alguma
Prendeu a quanto dele jazer imerso,
Ou, quando essa opressão se lhe avoluma,
Ao que o tornou angélico… ou perverso…
Por vezes, as tensões, nem razões são
E esfumam-se ao romper de uma ilusão
Morrendo inoportunas, descabidas,
Noutras encontram, nessa dimensão,
A sua mais perfeita tradução
E tornam-se a razão das nossas vidas…
Maria João Brito de Sousa – 26.02.2011 – 22.54h
http://www.raizonline.com/radio/
Porque a poesia é uma das razões das nossas vidas...
publicado às 11:12
Maria João Brito de Sousa
Por cada imenso grau dessa amplitude
Gerada em cada abraço, sem mentir,
De súbito, conjugo o verbo rir,
Embora torne inversa essa atitude.
Pensas que, na mulher, essa virtude
Se deva, em três pernadas, resumir
Ao acto de gestar e de parir…
E julgas que o que pensas não te ilude.
No toque intraduzível de um abraço,
Revelo mar e céu por cada traço
De cada palavrinha que te diga
E podes nem o crer mas, se te enlaço,
Será pra mitigar quanto cansaço
Na amplitude do gesto o corpo abriga.
Maria João Brito de Sousa 24.02.2011
Imagem retirada da internet
publicado às 17:23
Maria João Brito de Sousa
NEM MAIS UM PASSO!
Nem mais um passo sem espantar o medo,
Sem esmagar esta vã precariedade,
Sem espalhar pela Terra este segredo
De erguer, por cada escrito, uma vontade!
Nem mais um passo! Juro que não cedo!
Do mais puro cristal dessa verdade,
Surgiu-me o despontar de um arvoredo
Nas vielas e ruas da cidade,
Um arvoredo denso, entre os mais densos,
Com becos por explorar, com céus imensos…
Nem mais um gesto para o renegar!
Nem mais um passo sem que os dedos tensos
Do muito que sonhar nestes consensos,
Se rendam sem que eu esgote o que criar!
Maria João Brito de Sousa – 22.02.2011 – 01.38h
http://lilianaeomundo.blogspot.com/, agora com ligação à rádio Raizonline
publicado às 15:04
Maria João Brito de Sousa
PEDIMOS DESCULPA POR ESTA INTERRUPÇÃO. O BLOG PROSSEGUE DENTRO DE ALGUNS DIAS.
PONTO DA SITUAÇÃO A 18.02.2011 -
Não sei se deva sentir pena ou admiração pela pessoa que eu era quando comecei este blog... inveja não sei ter, mas a verdade é que, nesse tempo, escrevi alguns sonetos muitíssimo toscos mas que têm uma beleza extraordinária. Não tenho a menor dúvida de que este trabalho de revisão teria de ser feito.
Imagem retirada da internet
publicado às 16:15
Maria João Brito de Sousa
Palavras são magia, encantamento…
São um feitiço, até, se, entretecidas
Em hastes de viçosas margaridas,
Se deixam embalar num qualquer vento
E, sejam de alegria ou de lamento,
Mostrar-se-ão tão mais engrandecidas,
Quanto mais nos falarem dessas vidas
Que as fizeram florir, como um rebento…
São, tantas vezes, rápidas, certeiras,
Directas como velhas companheiras
Do suspiro profundo em as lançamos…
Outras vezes, porém, são traiçoeiras;
Sem darmos conta, dizem tais asneiras
Que nos deixam pior do que já estamos…
Maria João Brito de Sousa – 10.02.2011 – 18.50h
publicado às 11:28
Maria João Brito de Sousa
Que Deus mas guarde das negras enchentes,
De cada fogo e de outros cataclismos!
Que Deus mas livre à beira dos abismos
E do peso indizível das correntes!
Que Deus mas guarde de estarem doentes
E as livre destes meus idealismos,
Pois nunca entenderiam tantos “ismos”,
Poderiam tornar-se ambivalentes.
Deus mas livre de serem como sou,
Mas não da absurda força que as gerou,
E possa relevar quanta incoerência
Lhe pede, nestas linhas, quem ousou
Um pequeno poema e revelou
Este vislumbre de tão estranha essência
Maria João Brito de Sousa – 07.02.2011 – 20.06h
publicado às 12:02
Maria João Brito de Sousa
Perdão… dá-me licença que o assalte?
Passe o dinheiro todo, por favor,
E queira desculpar-me, meu senhor,
Não vá ser esse pouco o que lhe falte…
Mas, se me der licença, eu explico já
A causa deste roubo que aqui faço
E sela-se este assalto num abraço
Porque é nisto que a crise, às vezes, dá…
Acontece eu estar “liso” e ter dois filhos,
Por isso aqui me vê, nestes sarilhos
Que me irá desculpar porque entendeu
Que a crise toca a todos, meu amigo…
E desculpe-me lá se o pus em perigo!
Com muito amor; este Assaltante seu…
21.00h – 08.02.2011 – M. João Brito de Sousa
NOTA – Eu tinha – tinha mesmo! – um Soneto Clássico, sem a menor imperfeição formal e de conteúdo menos… “popular”, prontinho para publicar… mas não resisti a postar este, escrito num jacto, entre a gargalhada e a lágrima. Queiram ter a bondade de entender…
publicado às 10:58
Maria João Brito de Sousa
Porque um verso tem mãos que tu nem vês,
Tem lábios que te beijam, sem beijar,
E será quem te pode apaziguar
Depois de incendiar-te em mil porquês.
Porque, ao romper da dor, será, talvez,
Ele próprio quem te saiba consolar,
Mitigando essa sede de criar
Que preenche os vazios de outra escassez.
Porque a el` não se nega uma existência,
Nem se lhe rouba a luz dessa inocência
Em que se te entregou sem hesitar.
Porque quando lhe falhas na assistência,
Estarás ausente dessa mesma ausência
E só a ti estarás a renegar.
Maria João Brito de Sousa – 07.02.2011 -18.44h
publicado às 11:48
Maria João Brito de Sousa
Lembrei-me e foi depois de ter lembrado
Que me tentei esquecer do que sentia;
Cada vez mais me inundo em poesia
Por mais versos que vá pondo de lado.
“Poeta de um poema improvisado!”
E, cá por dentro, o riso contraria
Essa abstrusa versão; -“Não poderia
Noutro ofício qualquer ter-me encontrado!”
Foi como foi. Tão simples quanto o mar
Em que alguém naufragou sem se afogar…
E eu quero lá saber de mais razões!
Se um destes dias me volto a lembrar,
Volto a rir-me da onda, pra domar
O “tsunami” do mar das disfunções…
Maria João Brito de Sousa - Fevereiro, 2011
Imagem retirada da internet
publicado às 11:19
Maria João Brito de Sousa
Fazer sonetos só pela partilha,
Porque a tal me propus, por ter de ser,
Mata esta compulsão de me escrever,
Vai-me tornando cada vez mais ilha,
Enlanguesce-me a mão qu`inda dedilha
As teclas, transformadas em dever,
E não tiro proveito, nem prazer
De umas rimas batidas, de cartilha…
Mas, num repente, sem que eu saiba como,
Revolta-se a palavra, eclode o pomo
De algo que resistiu pr` além de mim!
Nem só do que eu lhe dou vive o poema
Pois mesmo não lhe impondo qualquer tema
Alguma coisa o fez escrever-se assim…
03.02.2011- 18.23 h – M. João Brito de Sousa
Amanhã, em Sobral de Monte Agraço
Inauguração da Exposição "(Re) Encontros" de Paulo Pereira/Pintura e Ricardo Tomás/Escultura, a ter lugar na Galeria Municipal de Sobral de Monte Agraço no dia 5 de Fevereiro de 2011, Sábado, pelas 18 horas. Exposição estará patente até 28 de Fevereiro de 2011, de 3.ª feira a sábado das 14 às 19 horas (encerra aos Feriados )
publicado às 11:13
Maria João Brito de Sousa
Peculiar… nasceu peculiar,
Cresceu de um quase nada que encontrei
Por dentro desse tanto que nem sei
Do muito que não posso nem explicar…
Quando nasceu, ousou, quis-se afirmar
E é por isso que nada escreverei
Para além destas linhas que tracei
E algumas mais, que ainda irei traçar
Agora vão ser menos; serão cinco
E depois irão ser menos ainda
Pela simples razão de qu`rer explorar
Esta causa, em que ponho tanto afinco,
Sem deitar a perder a coisa linda
Que é ter tanta vontade de brincar.
Maria João Brito de Sousa – 02.02.2011 – 22.19h
publicado às 11:35
Maria João Brito de Sousa
ASCENÇÃO E QUEDA
DE UMA POEIRA CÓSMICA ERRANTE
CHEIA DE SENTIDO DE HUMOR *
Este seria um astro quase errante
Na execução duma órbita fugaz,
Sepultando o suor da vossa paz
Sob um silêncio cavo e militante… *
Perpetuado foi cada habitante
De um espaço que já não o satisfaz
E aceita a missão que outrem lhe traz
De ir zelando por vós… mas bem distante. *
(um dia destes nega esse seu rumo,
e escapa-se a voar, desfeito em fumo,
na velha compulsão de ser quem é, *
ou então muda a rota e cai a prumo
e nada sobrará senão o sumo
dos frutos das conversas de café…) *
Maria João Brito de Sousa – 01.02.2011 – 19.28h
publicado às 11:47