SÁBADO, DOMINGO E SEGUNDA FEIRA XI
OURO NEGRO, NEGRO...
Enquanto o “ouro negro” se derrama
Nas águas de um Pacífico inquinado,
Há um que é indiferente, um que reclama
E outro que já morreu envenenado.
Nasce de novo o sol, mas morre a chama
E apaga-se o pavio enquanto o fado
Se faz ouvir por quem tanto o declama
E adormece depois de declamado…
E borbulhando sobe, esse ouro negro
Que deixa um rasto bem mais negro ainda
Manchando as mãos de quem o não deteve,
Deixando o mundo num desassossego
E pondo tanta gente na berlinda
Porquanto muito tendo, `inda mais deve…
Maria João Brito de Sousa – 07.06.2010, 12.21h
AS FLORES DE MAÇAPÃO
Se as flores de maçapão fizessem contas
Acerca dos sabores, das sensações
Que podem suscitar, as pobres tontas,
Custariam bem mais que alguns tostões…
Fossem de maçapão as soltas pontas
Que nos vão impedindo as soluções
E eu teria sempre as coisas prontas
Em vez de andar perdida em tentações…
Se muitas coisas se “ antitetizassem”
Ou mudassem, tão só, de direcção
Por um segundo, por um só que fosse,
E se muitas pessoas não pensassem
Que nada há de melhor que o maçapão
Apenas porque torna a vida doce…
Maria João Brito de Sousa – 07.06.2010 – 19.46h
O CAMPEONATO
Por muito que o espectáculo comova
E leve além-fronteiras tanta gente,
Por mais que o Campeonato se promova
No berço do africano continente,
Não lhe encontro o mistério que me mova,
Que dê vida ao poema – sempre urgente –
E disso, agora mesmo, faço prova
Neste absurdo soneto que não mente…
Não consigo forçar-me! O que fazer,
Se só digo a verdade, em Poesia,
E se ela me comanda a toda a hora?
Que ganhe o meu país [isto é dizer
não mais do que um qualquer por mim diria…]
E viva Portugal pl`o mundo fora!
Maria João Brito de Sousa