10
Fev08
A MAIS-VALIA
Maria João Brito de Sousa
A MAIS-VALIA
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Abriu-se-me uma f´rida pequenina
Que tal como as palavras foi crescendo,
Tomou conta de mim, foi-me doendo,
Fez-me sentir, de novo, uma menina.
Depois melhorará! É esta a sina
Da vida que por cá sigo vivendo
E será sempre assim, eu compreendo,
Até que chegue a hora da vindima.
Rasga-se a cicatriz na carne-viva,
O menino do céu chega-se a mim,
Retorna-me essa imensa nostalgia
E, enquanto essa dor me traz cativa,
Escrevo estes meus poemas que, no fim,
São, de tudo o que faço, a mais-valia.
Maria João Brito de Sousa
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10.02.08 - 01.35h
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