16
Mar10
ESTRANHA SOBREVIVÊNCIA
Maria João Brito de Sousa
Impôs-se-me uma lágrima e chorei...
Chorei como quem chora a própria vida!
A lágrima era o ponto de partida
Desse poeta em mim que então soltei...
Mais lágrimas rolaram... mais de mil,
Seguidas por mais mil que não paravam.
Fui lágrimas de mim que em mim rolavam
Até redesenhar o meu perfil...
Depois nasceu a vida aberta em flor
Onde antes eram lágrimas de dor
E este poeta em mim sobreviveu...
Ah! Como é louco e estranho o meu destino!
Sobreviver à morte de um menino
E alcançar, depois, o próprio céu!