02
Set09
O IMORTAL
Maria João Brito de Sousa
Julgava-se imortal. Mesmo imortal.
Isento das noções de “mal” ou “bem”,
Dependente de nada e de ninguém,
Um ser dif`rente, muito embora igual.
Jamais aceitou ser um animal.
Julgou ser mais e ninguém soube quem
O ensinou a “ser” ou se houve alguém
Que decretou, enfim, o seu final…
Morreu há muito tempo. Agora jaz
Num qualquer cemitério, transmutado
No húmus do que em si nunca aceitou.
Pobre imortal que assim alcança a paz
Na negação do próprio enunciado
Com o qual definiu o que o negou…
Imagem retirada da internet